Uma saudade descompassada das ruas e das praias. Das pernas, das gentes e seus sorrisos.
Depois dos dias de festa, ruas lambuzadas de cerveja e de saudades, um sol faiscando amanheceres, outras promessas e novos perigos. Depois disso eu vim te procurar.
E perguntar baixinho onde andas, Joana?
Tu tao francesa e tao brasileira, toda cantada e recantada em chicos e jobins, vem e mata-me de rir, dizia ele, fala-me de amor. Vem Joana, e geme de loucura e de torpor..
Onde andas, Marina? Que daqui distante olhei as passistas na rua. Que daqui tao distante vi no vidro do televisor e por um segundo te imaginei mais bonita, sonhando na tela de silicio voce, toda favorita, ali onde disfarçado eu impossivelmente mestre-sala.
No meio da noite ouvi sinos repicando de um Recife que já quase desconheco, vi a areia de uma praia repisada, toda Rio e toda festa. E no meio da noite Marina me dizendo que já não sabe mais dancar, enquanto outra vez eu a repetir baixinho assim que nessas horas tudo que eu posso te dar é afinal solidão com vista pro mar... Pouco Caetano e Joaozinho Trinta. Algum Alceu. Mas tantos verões passados, eu passando também.
Depois do carnaval que aqui não houve o dia nascia outra vez, tranquilo e suave e frio.
E enquanto o sinal e as passistas e as mulatas e os folioes e as aguas da baía desapareciam num zap, lembrei de voce uma ultima vez, impossivelmente dizendo algo assim como que as vezes eu quero chorar mas o dia nasce e eu esqueco..
Fui eu, descubro o que já sabia, fui eu quem a muito tempo zarpou.