[Uma estória de camafeus, gato no parapeito da janela, chás e camaleões impossíveis pelo quintal coberto de um capim espesso.
Emily de cabelo preso, quase cega, que conhecera Capote, conheceu o menino que um dia partira para uma cidade perdida entre charcos e cigarras na Louisiana - não muito longe, ela disse, de Lafayette.
Que viu o marido morrer sobre a cama, paralitico até a fala depois de um tiro de revólver pelas costas num bar de Oil City. Que comprara ações da empresa de petróleo quando a primeira tubulação trouxe gás do campo de Caddo até Shreveport. Que perdera a plantação da família e os descendentes de uma centena de escravos, e fora a primeira na cidade a deixar negros beberem nos copos da casa.
Emily que muitos anos depois de 1964, mudou-se para Morgan City, e viveu até o final numa casa em John Street, saía para recolher o leite, o cabelo de um branco de nuvem preso num coque e um camafeu no pescoço, seguro por uma fita de renda.]
[A story of cameos, cat on windowsills, tea and impossible chameleons across a backyard covered with thick leaves.
Emily with her hair on a bun, almost blind, who met Capote, knew of a boy who one day left to a city lost between marshes and cicadas in Louisiana - not too far from Lafayette, she told me once.
She saw her husband dying on a bed, crippled up to his speech after a gunshot on the back, in a bar at Oil City. Who bought stocks from the oil company when the first pipeline bringing gas from Caddo field to Shreveport begun to operate. Who lost her family plantation and the descendants of one hundred slaves, and was the first woman in the city to allow negroes to drink in the house glasses.
Emily who, many years later, moved to Morgan City and lived the rest of her life in a house on John Street, went out every day to collect the milk, her hair white tied in a bun, wearing a cameo held by a lace tape around her neck]