Saturday, February 8, 2014
Monday, February 3, 2014
Monday, January 6, 2014
Otros cafés
"You've slept too much, you've waited too long."
The lines on the book spines all broken now. In occasional flashlights you catch glimpses of forgotten plans, misshaped maps, and in doped up jerks realize at times that you've dreamed too little, and avoided the effort to change a fate, a horizon line, an epigastric collusion. And just kept following the easiest path.
You've been too lazy to move and sat half-satisfied half-content with watching words and afternoons and sunsets go by almost unnoticed, while barely aware of forgotten dreams, stocked up on piles and piles of dust and unfinished medication bottles, sitting quietly disappearing in a closet on the back.
You haven't fed yourself enough, dreaming up words occasionally, haphazardly.
One day you wake up to the sound of this old tango and the day is lost in the haze of forgotten paths and plans and hopes. You realize some mistakes, or at least what you've left behind in the process. in this process.
You think of feeding and retro-feeding, you remember foamy cups and medialunas. You just sit there. Silent. Consumed. Remember a cat you had so many years ago, and the streets of a city you're too old to reach.
Recall a lost love. a few. An accordion.
Sin café, sin medialunas.
The lines on the book spines all broken now. In occasional flashlights you catch glimpses of forgotten plans, misshaped maps, and in doped up jerks realize at times that you've dreamed too little, and avoided the effort to change a fate, a horizon line, an epigastric collusion. And just kept following the easiest path.
You've been too lazy to move and sat half-satisfied half-content with watching words and afternoons and sunsets go by almost unnoticed, while barely aware of forgotten dreams, stocked up on piles and piles of dust and unfinished medication bottles, sitting quietly disappearing in a closet on the back.
You haven't fed yourself enough, dreaming up words occasionally, haphazardly.
One day you wake up to the sound of this old tango and the day is lost in the haze of forgotten paths and plans and hopes. You realize some mistakes, or at least what you've left behind in the process. in this process.
You think of feeding and retro-feeding, you remember foamy cups and medialunas. You just sit there. Silent. Consumed. Remember a cat you had so many years ago, and the streets of a city you're too old to reach.
Recall a lost love. a few. An accordion.
Sin café, sin medialunas.
Friday, December 6, 2013
O que voce continua a buscar
O cheiro de currais molhados
O barulho da chuva nas folhas da árvore
Agua em chaleira fervendo
Colheres em xícaras de porcelana
Cheiro de brasas no aquecedor
O incenso no quarto
Um âmbar
Wednesday, January 16, 2013
Falling down stairs
I lost it. When I woke up, it had overflown and all its contents spilled down.
All the way to the street and the basement.
Tuesday, February 21, 2012
Depois do Carnaval
Uma saudade descompassada das ruas e das praias. Das pernas, das gentes e seus sorrisos.
Depois dos dias de festa, ruas lambuzadas de cerveja e de saudades, um sol faiscando amanheceres, outras promessas e novos perigos. Depois disso eu vim te procurar.
E perguntar baixinho onde andas, Joana?
Tu tao francesa e tao brasileira, toda cantada e recantada em chicos e jobins, vem e mata-me de rir, dizia ele, fala-me de amor. Vem Joana, e geme de loucura e de torpor..
Onde andas, Marina? Que daqui distante olhei as passistas na rua. Que daqui tao distante vi no vidro do televisor e por um segundo te imaginei mais bonita, sonhando na tela de silicio voce, toda favorita, ali onde disfarçado eu impossivelmente mestre-sala.
No meio da noite ouvi sinos repicando de um Recife que já quase desconheco, vi a areia de uma praia repisada, toda Rio e toda festa. E no meio da noite Marina me dizendo que já não sabe mais dancar, enquanto outra vez eu a repetir baixinho assim que nessas horas tudo que eu posso te dar é afinal solidão com vista pro mar... Pouco Caetano e Joaozinho Trinta. Algum Alceu. Mas tantos verões passados, eu passando também.
Depois do carnaval que aqui não houve o dia nascia outra vez, tranquilo e suave e frio.
E enquanto o sinal e as passistas e as mulatas e os folioes e as aguas da baía desapareciam num zap, lembrei de voce uma ultima vez, impossivelmente dizendo algo assim como que as vezes eu quero chorar mas o dia nasce e eu esqueco..
Fui eu, descubro o que já sabia, fui eu quem a muito tempo zarpou.
Tuesday, January 10, 2012
O Largo da Igreja
Uns dias Jacinto ia e voce não estava. Chamava teu nome repetido olhando pelo vidro da janela. Jacinto sem paz, contrastando tanto com a quietude daquelas tardes.
Um saco de sapotis como presente, sentava no banco dizendo teu nome, repetindo baixinho e chorando a perda das frutas além da tua perda, cadê voce, Mariana? Adonde fuistes senza di me?
Todo misturado jacinto e frutas e uma saudade que dava dó e raiva de tão repetida.
Cadê voce, Mariana? Jacinto deixava o saco com sapotis maduros, esquecido da fome e perdido em saudade, buscando Mariana noutros tempos.
Dos sapotis sabiam os garis da limpeza pública, comendo as frutas maduras deixadas ali naquelas tardes.
Um saco de sapotis como presente, sentava no banco dizendo teu nome, repetindo baixinho e chorando a perda das frutas além da tua perda, cadê voce, Mariana? Adonde fuistes senza di me?
Todo misturado jacinto e frutas e uma saudade que dava dó e raiva de tão repetida.
Cadê voce, Mariana? Jacinto deixava o saco com sapotis maduros, esquecido da fome e perdido em saudade, buscando Mariana noutros tempos.
Dos sapotis sabiam os garis da limpeza pública, comendo as frutas maduras deixadas ali naquelas tardes.
Monday, May 2, 2011
Viaduto Blues
Viaduto na sombra. De uma janela ao lado, Eliza olhava carros inundando a pista em horas de pico. "São Cristóvão abandonou a todos nós," ela pensava.
"Vou ficar aqui, olhando o viaduto passar, até amanha de manhã. Até que esse cinza encoberto pela noite, às vezes revelado em sujeiras relampejadas pela luz dos carros; até que esse horizonte cortado, travado em janelas cobertas de fuligem; até que a visão aqui em frente se expanda uma outra vez, a luz de um dia que não seja cinza retorne num colorido de prédios amanhecendo, sem o barulho nem a fuligem dos carros.
Eu vou ficar aqui, repito, ouvindo um cantar de cigarras nos paus, impossíveis flores de outono, quantas quedas. Vou ficar enquanto posso olhar dessa janela; esperando Juscelino e sua guitarra, esperando seu sorriso branco de tantos dentes enfileirados, sua voz mostrando-se às vezes enquanto me fala dos tangos que ouviu tocar, dos bares escuros nos quais se apresentou; falando, sem um som, das mulheres que lhe deram pouso e companhia.
Aqui estou, São Cristóvão, abandonada. Cinza como a visão que tenho diante de mim. esperando torcendo por um dia de cores abertas, outras profundidades, sons de outra festa.
Querendo não esperar nunca mais. Nem por silêncio de carros, nem por Juscelino chegando."
"Vou ficar aqui, olhando o viaduto passar, até amanha de manhã. Até que esse cinza encoberto pela noite, às vezes revelado em sujeiras relampejadas pela luz dos carros; até que esse horizonte cortado, travado em janelas cobertas de fuligem; até que a visão aqui em frente se expanda uma outra vez, a luz de um dia que não seja cinza retorne num colorido de prédios amanhecendo, sem o barulho nem a fuligem dos carros.
Eu vou ficar aqui, repito, ouvindo um cantar de cigarras nos paus, impossíveis flores de outono, quantas quedas. Vou ficar enquanto posso olhar dessa janela; esperando Juscelino e sua guitarra, esperando seu sorriso branco de tantos dentes enfileirados, sua voz mostrando-se às vezes enquanto me fala dos tangos que ouviu tocar, dos bares escuros nos quais se apresentou; falando, sem um som, das mulheres que lhe deram pouso e companhia.
Aqui estou, São Cristóvão, abandonada. Cinza como a visão que tenho diante de mim. esperando torcendo por um dia de cores abertas, outras profundidades, sons de outra festa.
Querendo não esperar nunca mais. Nem por silêncio de carros, nem por Juscelino chegando."
Saturday, April 9, 2011
E não havia ninguem para traduzir
Entre o quintal e a rua o que havia eram terras do reyno. Se eu soubesse que atravessar a praça me custaria tantos anos, teria deixado aquele lugar mais cedo. Juntava-me a alguma tropa, caixeiros viajantes quase nunca faltavam. O que eu não sabia era falar. Mas tinha braço forte e muito fôlego.
Bobeei, seu môço, bobeei. Nesse tempo todo eu pensei que cruzar a praça tivesse fundamento de razão. Tinha não. O senhor me entenda, por favor, eu era mais era um menino sonhando em ser homem.
Bobeei, seu môço, bobeei. Nesse tempo todo eu pensei que cruzar a praça tivesse fundamento de razão. Tinha não. O senhor me entenda, por favor, eu era mais era um menino sonhando em ser homem.
Saturday, February 12, 2011
Arriving
"Vediamo, ancora un'altra volta," lui mi diceva. Each time a renewed solitude, all these returns summer after summer and impossible golondrinas flying around mid-morning.
Un deseo de Gardel y sus tangos y Mariana y sus dedos en el acordeón: 'la fisarmonica,' diceva. E oggi il cello soprattutto zitto.
Altri estati.
Today, my shoes worn out, silently. The house not more than a mirage, layer over layer over years over my grandmother's sleepless nights and all the vast ocean they negotiated before arriving here.
If I sit still I'll fulfill my journey: and in time will become at home, again.
Wednesday, October 27, 2010
Sunday, September 12, 2010
Birds
- "If you ask me that, yes, I know how to swim, I tell you. And yes, I could cross this cove, teeth clutching a rope, drenched clothes, late night. I could. But for what? I have now, my friend, nowhere to go back to."
- "And how about all those dreams of mangoes, freshly caught sapotis, graviola juice sticking to your lips in various sweetnesses and four o'clock afternoons?"
- "I lost them, you know, I can't even write about these, anymore."
Tuesday, September 7, 2010
Half way through
Pulava aqueles degraus num jogo que conhecia desde a muito tempo. Saltando o branco esmaecido de cada um, imaginando estórias de passos sobre aqueles traços escuros que se espalhavam pelo mármore trazido de longe no lombo de burros - Hermínia lhe contara um dia - e postas aqui num suadeiro de homens levantando e talhando e puxando e assentando cada pedra escada acima. Sem intervalo para mates. Seu avô se ocupava.
Séculos atrás - Hermínia contava revirando os olhos azuis e de vez em quando puxando o cabelo, liso e já quase branco, para trás da orelha. Sorrindo, no canto da boca, olhava enigmatica a me dizer que " asi como Borges hace tiempos, yo aún creía la ciudad eterna y perdiame, lo ves, en un Palermo que no ha existido jamás."
Séculos atrás - Hermínia contava revirando os olhos azuis e de vez em quando puxando o cabelo, liso e já quase branco, para trás da orelha. Sorrindo, no canto da boca, olhava enigmatica a me dizer que " asi como Borges hace tiempos, yo aún creía la ciudad eterna y perdiame, lo ves, en un Palermo que no ha existido jamás."
Sunday, August 8, 2010
Raízes - Todo origem
- "Você tem vontade de voltar?" she said.
- Sometimes I fell like floating weeds, você já viu o filme?
- Colorido, sim. Anos atrás, num começo de verão. Lembro do calor que fazia por lá. Da chuva. E de uma cena, a entrada do cais, uns barcos fora d'água. Tudo muito parado.
- Então.
- Sometimes I fell like floating weeds, você já viu o filme?
- Colorido, sim. Anos atrás, num começo de verão. Lembro do calor que fazia por lá. Da chuva. E de uma cena, a entrada do cais, uns barcos fora d'água. Tudo muito parado.
- Então.
Sunday, July 4, 2010
Friday, July 2, 2010
Ferrolho III
"Àquela hora o jardim recendia a erva-doce e folhas secas, ao branco escurecido das paredes ao sol. Aquelas duas horas de verão e ele olhando, nenhuma brisa, se preparava já para sair, quando um homem apareceu lá de trás, veio vindo devagar, meio curvado e sempre, se aproximando até o portão e Boas tardes, e Aqui a chave, o Senhor olha e depois me devolve, pode gritar quando terminar. O homem voltou-se e saiu andando para os fundos da casa de onde veio. Parado, ele olhava alternado homem, casa, jardim, casa, o cheiro vindo do jardim. (...)"
mais do texto, aqui.
Tuesday, June 22, 2010
Séculos atrás, ainda havia esperança
Sem saber, mergulhava no asfalto sem horizontes. Esperando a textura do chão, as ranhuras das camadas de tinta, silenciosamente. Anos depois havia perdido o sono, e o caminho. Mais ainda, perdera até a vontade de voltar.
Em silêncio, evitava lembrar o que vira, as casas no caminho, a estrada cortando em dois uma terra seca. A dureza do chão batido, seco até de lágrimas, não se recompunha mais em amanheceres gelados.
Dos quartos de beira de estrada e cafés nas xícaras, ele guardava uma lembrança amortecida, que há muito tempo deixara já de ser saudade.
Tuesday, June 15, 2010
De palmeira em palmeira
Em algumas manhãs Emereciano chegava cedo na praça do Carmelo, olhando de longe horizontes cortados pela linha dos montes da serra do mar. Sem minas, sem sal, sem a precisão de voltar, ficava ali até o sol chegar alto, olhando barcos de pesca retornando e turistas recém-despertos perambulando pela beira do cais. E esperava que as portas do outro lado da praça se abrissem, e o cheiro de peixe fritando lhe convocasse para uma outra procissão.
Subscribe to:
Posts (Atom)